sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Eleições 2010 - Parte II - Por que existe a corrupção? – Brasil Democracia

Primeiramente, temos de lembrar, agora em época de eleições, como são feitas as campanhas eleitorais dos candidatos para deputado, senador ou presidente. O financiamento das milionárias campanhas provém de doações. Essas doações são feitas por pessoas afiliadas ao partido, pessoas que simpatizam com a proposta, mas, principalmente – e em maior quantidade -, por instituições privadas. Isso mesmo, empresas privadas como bancos, empresas de pavimentação asfáltica, grandes redes de supermercado, etc. E por que essas bondosas empresas fazem isso? Para ajudar a consolidar a democracia no país... putz! É para receber as “gratificações” pela doação da gratidão pelo eleito. Pense bem, quanto é preciso para divulgar em outdoors, panfletos, camisetas, bonés, carros de som, filmagens para o programa eleitoral, jingles, showmícios, viagens dos candidatos e outros artifícios do marketing político? Milhões de reais por partido, que, na sua maioria, escondem a origem desse dinheiro. A cada eleição são lavados milhões de reais, além dos interesses comprados pelas empresas.

Não gosto de citar números, nomes e datas, mas um bom exemplo dessa maracutaia toda é a empresa Cequipel, que em 2006 foi a maior doadora da campanha do ex-governador e candidato a Senador Roberto Requião, do PMDB. Foram R$ 645 mil. Misteriosamente a empresa, nos anos que se seguiram ao “investimento”, obteve um retorno bem maior ao vencer licitações. Em 2007, a Cequipel, Indústria e Comércio de Móveis, recebeu R$ 21 milhões em troca da compra de móveis para escritórios, quadros escolares e criou polêmica quando recebeu uma grana preta para a compra de televisores de 29 polegadas de tela plana. As crianças precisavam mais de TV que de merenda e material escolar, daí a polêmica.

Portanto, vemos a origem do mal corrupção no cargo público. Vemos de onde sai tanta falcatrua, lavagem de dinheiro e facilitação em licitações, o que é grave ilícito. Para quem não sabe, licitação é a concessão que o governo (governador ou prefeito), dá a alguma empresa para fornecer material necessário em alguma obra, ou na compra de materiais necessários, como pavimentação, construção, exploração, empreitadas, compra de armas para polícia, livros para escolas, entre outros. O certo seria escolher a que cobra mais barato para a obra, ou para a compra de um bem. Mas na prática não é bem assim que isso que acontece. Como vimos, uma empresa financia um candidato que, se eleito, dá uma mãozinha para essa empresa lucrar em cima de obras públicas, às vezes construindo com material de péssima qualidade, barateando o custo e aumentando o lucro (a cara do capitalismo). Vemos também que alguns políticos, de tão caras-de-pau, dão preferência a sua própria empresa. A Constituição brasileira proíbe que pessoas que exercem mantado sejam presidentes, donos ou administradores de empresas. Mas não fala nada de que parentes, cônjuges, e empresas na qual eles mesmos possam ser sócios, desde que não em cargo de liderança. Ou seja, os nossos eleitos podem ser sócios das empresas que eles mesmos facilitarão na hora da licitação. Isso se chama “puxar o assado para sua brasa”.

Então, cumpre ao eleitor, no quinhão de responsabilidade que lhe cabe, saber as financiadoras das campanhas dos eleitos. Prestar atenção à prestação de contas. E óbvio, investigar se esse candidato não é “ficha suja”. É assim que se exerce a cidadania, é assim que se faz uma democracia mais limpa, e não uma aristocracia velada, um Estado manipulado pelos grandes empresários.

Vi esses dias o filme Syriana, sobre a indústria do petróleo. Syriana é o termo pelo qual é conhecida a nova partilha política realizada pelos ganhadores da 2ª Guerra Mundial nos territórios e populações situados sobre os lençóis de petróleo do Oriente Médio. Ou seja, a coisa é muito maior do que pensávamos.

Estrelam atores como George Clooney, Matt Damon, e o diretor Stephen Gagham. O filme se originou de um livro de Robert Baer. Mostra a corrupção do petróleo nos EUA. Em um determinado momento, um promotor, que investiga a fusão de duas grandes empresas extratoras de petróleo em uma única e gigante, conversa com um sócio de uma empresa. Acontece um dos mais esclarecedores diálogos que já vi. O empresário fala que a corrupção é impressindível para o capitalismo. Sem a corrupção o sistema não tem como se mover. Sem burlar uma lei, as indústrias não podem crescer. Na situação ilustrada pelo filme, se criaria um monopólio, o que é proibido pela legislação americana (a nossa, inclusive, versa sobre monopólios também). Então, se fez um meche aqui, outro ali; matou-se um aqui, outro atentado ali; se criou uma guerra aqui, um tratado ali; uma teia de mentiras acobertando uma série de interesses... Assim se criou uma das maiores empresas de extração de petróleo do mundo. E nós nunca vamos saber de nada, pois temos a televisão, que é muito mais interessante.

OLHE EM VOLTA, VOCÊ ESTÁ SENDO ENGANADO!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário