terça-feira, 7 de julho de 2015

O Sorriso de Dona Margot

Nunca a viram tão feliz.

Quem a conhece não pode reconhecer.

Quem não a conhece se admira com tanta felicidade.

Passeia alegre pelo centro da cidade com uma criança nos braços.

Quem vê Dona Margot assim tão tranquila não pode imaginar que ela acabou de roubar um bebê.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Músicas para (re)pensar a redução da maioridade penal

Ser a favor da redução da maioridade penal é fácil. Difícil é ver que não é uma solução viável: não reduz criminalidade entre menores infratores, não previne crimes pelo “medo da punição”, nem tem qualquer resultado prático. É só uma forma de constituir capital político dos mesmos conservadores de sempre, já que a “maioria da população” é a favor da medida. 

O assunto já tá bem batido nos últimos tempos. No Google se encontra muita coisa sobre o assunto, tanto pra se posicionar a favor (muitos poucos argumentos válidos) quanto pra formar posição contra a política de segurança pública da redução da maioridade penal.

Abaixo, então, listo algumas músicas que conheço e que falam sobre o tema da desigualdade social e de como a solução está na raiz do problema, e não nos seus sintomas, e que nos fazem (re)pensar a questão de menores infratores.


Pivete - Chico Buarque
“No sinal fechado ele transa chiclete. E se chama pivete. E pinta na janela. Capricha na flanela. Descola uma bereta. Batalha na sarjeta E tem as pernas tortas”.




Brejo da Cruz - Chico Buarque
“A novidade que tem no Brejo da Cruz é a criançada se alimentar de luz. Alucinados. Meninos ficando azuis. E desencarnando, lá no Brejo da Cruz, Eletrizados cruzam os céus do Brasil. Na rodoviária assumem formas mil. Uns vendem fumo. Tem uns que viram Jesus”




O Meu Guri - Chico Buarque
“Chega suado e veloz do batente. Traz sempre um presente pra me encabular. Tanta corrente de ouro, seu moço, que haja pescoço pra enfiar. Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro: chave, caderneta, terço e patuá, um lenço e uma penca de documentos. Pra finalmente eu me identificar: Olha aí! Olha aí! Ai, o meu guri, olha aí! Olha aí! É o meu guri e ele chega!”




Problema Social – Seu Jorge
“Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa Funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem”.




Abismo Das Almas Perdidas - Facção Central
 “A mosca que se alimenta de mortos voa de jato,
sua proteína tá no sangue do menino soldado”.



  
Maioridade penal - Nelson Maca
“Não viu o branco do arroz, não sabe o que é feijão
Na rua a cama é jornal, de papelão o cobertor
O brinquedo não chegou, com o lápis se desapontou
Primeiro água no chafariz, o fogo na pedra vem depois
Pai e mãe nunca viu, mamou nas tetas do terror
Cresceu nos braços da solidão, abraçado ao desamor”.




Rap Contra Redução da Maioridade Penal - Thiago Peixoto - Capella
“Nós criamos esse inimigo negando-lhes passado, presente e futuro digno. Demos o mínimo do mínimo quando muito, pão e abrigo, e ao invés de reparação, pensamos em mais um castigo?”




Racionais Mc's - A Vida é Desafio
"Tem que acreditar. Desde cedo a mãe da gente fala assim: 'Filho, por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor.'
Aí passado alguns anos eu pensei: Como fazer duas vezes melhor, se você tá pelo menos cem vezes atrasado pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas psicoses... por tudo que aconteceu? Duas vezes melhor como?”