segunda-feira, 14 de julho de 2014

Remédio de maconha II – A Obrigação do Estado

Any, uma pequena brasiliense de 5 anos, tinha cerca de 60 convulsões por semana. O Canabidiol (CDB) - medicamento a base de um composto da cannabis sativa -, praticamente zerou essas crises. Melhor ainda, o medicamento facilitou a ela o desenvolvimento de suas funções.

O CDB não causa alteração no comportamento do paciente, como se ele estivesse usando recreativamente a erva. Assim como ninguém utiliza fezes e urina de animais e insetos na pele como perfume, gordura de animais mortos como sabonete, veneno de animais peçonhentos como remédios ou chupa cana-de-açúcar esperando ficar bêbados, as pessoas que usam o Canabidiol o fazem pela necessidade e pela efetividade de um composto dos 60 princípios ativos da planta cannabis sativa, não pra ficarem doidões.

Eu protegendo a bilionária indústria farmacêutica? Sou pragmático, se essa é uma saída válida pra doenças graves como a epilepsia, e como vi duas entrevistas com mães de crianças que sofrem de epilepsia, eu sou a favor. Posso até pensar que em breve farmácias de manipulação podem estar criando medicamentos alternativos e mais baratos parecidos com o Canabidiol.

Não sou usuário de maconha, tudo que vem em excesso é prejudicial, só que é uma imensa hipocrisia não regulamentar urgentemente ao menos o uso medicinal de uma erva, sendo que em países bem conservadores como os EUA o princípio ativo do CDB é vendido como suplemento alimentar!

É obrigação do Estado não só permitir, por meio da ANVISA, o uso e comercialização da droga, mas fornecer aos pais como medicamento gratuito pelas farmácias populares. É o mínimo que se espera de um país sério.

Remédio de Maconha I – A Prejudicial Hipocrisia Religiosa



Os religiosos querem que o Estado não intervenha na sua responsabilidade de “criar/educar” os filhos por meio de castigos físicos. São contra a “Lei da Palmada”. O lobby evangélico no Congresso Nacional foi forte contra essa lei, inclusive ofenderam a Xuxa, que defende a lei.

Essa mesma bancada religiosa é contra a liberação do remédio Canabidiol (CBD) - derivado de cannabis sativa sem princípio psicoativo -, que é utilizado por pessoas, na maioria crianças, que sofrem com epilepsia. Assim, os religiosos ativistas são contra e a favor da liberdade dos pais de criar, educar e influir na vida do filho. Querem eles que o Estado intervenha, por meio da ANVISA, proibindo os pais de darem o medicamento mais saudável que há pra esse tipo de doença só porque na fórmula contém maconha, aliás, o princípio ativo da erva.

Os efeitos colaterais desse medicamento são mínimos. Pra se ter uma ideia, há remédios para epilepsia que causam redução da visão periférica do paciente, e produzem pouco efeito. O único efeito adverso do Canabidiol é a sonolência.

A saúde das pessoas não deveria passar pelo discurso moralista religioso, sobretudo quanto à saúde de crianças. Não há fundamento para proibir o remédio baseado na moralidade cristã de não condenar certas substâncias e permitir outras.

Não que espero coerência dos religiosos, mas, por favor, sejam menos hipócritas.