Ser a favor da redução da maioridade
penal é fácil. Difícil é ver que não é uma solução viável: não reduz criminalidade entre
menores infratores, não previne crimes pelo “medo da punição”, nem tem qualquer
resultado prático. É só uma forma de constituir capital político dos mesmos conservadores de sempre, já que a “maioria
da população” é a favor da medida.
O assunto já tá bem batido nos últimos tempos. No Google se encontra muita coisa sobre o assunto, tanto pra se posicionar a favor (muitos poucos argumentos válidos) quanto pra formar posição contra a política de segurança pública da redução da maioridade penal.
Abaixo, então, listo algumas
músicas que conheço e que falam sobre o tema da desigualdade social e de como a solução está na raiz do problema, e não nos seus sintomas, e que nos fazem (re)pensar a questão de menores infratores.
Pivete
- Chico Buarque
“No sinal fechado ele transa
chiclete. E se chama pivete. E pinta na janela. Capricha na flanela. Descola
uma bereta. Batalha na sarjeta E tem as pernas tortas”.
Brejo
da Cruz - Chico Buarque
“A novidade que tem no Brejo
da Cruz é a criançada se alimentar de luz. Alucinados. Meninos ficando azuis. E
desencarnando, lá no Brejo da Cruz, Eletrizados cruzam os céus do Brasil. Na
rodoviária assumem formas mil. Uns vendem fumo. Tem uns que viram Jesus”
O Meu Guri - Chico Buarque
“Chega suado e veloz do
batente. Traz sempre um presente pra me encabular. Tanta corrente de ouro, seu
moço, que haja pescoço pra enfiar. Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro: chave,
caderneta, terço e patuá, um lenço e uma penca de documentos. Pra finalmente eu
me identificar: Olha aí! Olha aí! Ai, o meu guri, olha aí! Olha aí! É o meu
guri e ele chega!”
Problema
Social – Seu Jorge
“Mataria a minha fome sem ter
que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa Funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem”.
Juro que eu não conhecia a famosa Funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem”.
Abismo
Das Almas Perdidas - Facção Central
“A mosca que se
alimenta de mortos voa de jato,
sua proteína tá no sangue do menino soldado”.
sua proteína tá no sangue do menino soldado”.
Maioridade penal - Nelson Maca
“Não viu o branco do arroz, não sabe o que é
feijão
Na rua a cama é jornal, de papelão o cobertor
O brinquedo não chegou, com o lápis se desapontou
Primeiro água no chafariz, o fogo na pedra vem depois
Pai e mãe nunca viu, mamou nas tetas do terror
Cresceu nos braços da solidão, abraçado ao desamor”.
Na rua a cama é jornal, de papelão o cobertor
O brinquedo não chegou, com o lápis se desapontou
Primeiro água no chafariz, o fogo na pedra vem depois
Pai e mãe nunca viu, mamou nas tetas do terror
Cresceu nos braços da solidão, abraçado ao desamor”.
Rap
Contra Redução da Maioridade Penal - Thiago Peixoto - Capella
“Nós criamos esse inimigo negando-lhes
passado, presente e futuro digno. Demos o mínimo do mínimo quando muito, pão e
abrigo, e ao invés de reparação, pensamos em mais um castigo?”
Racionais
Mc's - A Vida é Desafio
"Tem que acreditar. Desde
cedo a mãe da gente fala assim: 'Filho, por você ser preto, você tem que ser
duas vezes melhor.'
Aí passado alguns anos eu
pensei: Como fazer duas vezes melhor, se você tá pelo menos cem vezes atrasado
pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas
psicoses... por tudo que aconteceu? Duas vezes melhor como?”
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