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Jaleco dos médicos-espiões-comunistas-ninjas
cubanos. |
Perderam de vez a linha.
Acabou-se a vergonha na cara. Eles escancararam a própria ignorância. É
impossível que não se sintam ridículos.
A direita pirou.
Experimentou maconha, depois que o FHC disse ser bom, e acabou exagerando na
dose.
Um em cada cinco médicos cubanos que virão trabalhar no Brasil são espiões
comunistas.
Sério? Alguém aí ainda está na Guerra Fria? Estaria a direita precisando de
mais medicamentos?
Pois não é. É fato. Cuba,
uma superpotência econômica e bélica programa a vinda de médicos-espiões-maçons-iluminatis-comunistas-ninjas cubanos, altamente treinados para dominar, com o PT, o país. A começar pela derrubada da democracia, com
fortalecimento da PF, do MP, deixando o Congresso Nacional vetar suas medidas
provisórias, o STF condenar seus correligionários, deixando o MPF arquivar
denúncias contra opositores. É o apocalipse! Isso e a aprovação do casamento
gay.
Agora, vamos ao que
interessa. Este post é a última instância elucidativa sobre a questão da vinda
dos médicos estrangeiros, e tem, inclusive, um contraponto abaixo, dando
direito ao contraditório.
Tirem suas conclusões,
dissertem, discutam, debatam, comentem. Tamos aí pra isso.
A questão da vinda dos
médicos cubanos para o Brasil
Por Pedro Saraiva
Sou médico e gostaria
de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil.
Bom, como opinião
inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas
informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que
ainda não vi serem abordadas.
- O principal motivo de
reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação
automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi
afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da
saúde, Alexandre Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos
estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade
profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente
para o país. Isto é uma interpretação desonesta.
- Acho estranho o governo
ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser
somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos
precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que
nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível
técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal
têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não
tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há
em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos
médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma,
mas sim puro preconceito.
- Portugal já importa
médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos
a ir trabalhar em regiões mais longínquos, afastadas dos grandes centros. Os
cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em
grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato). A população
aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo
português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos
países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos
cubanos e a população aprova o seu trabalho.
- Acho que é ponto pacífico
para todos que médicos estrangeiro tenham que ser submetidos a provas aí no
Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já
disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui
submetido a 5 provas aqui em Portugal para poder validar meu título de
especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na
área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram
trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o
governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade.
Pois bem, na última leva, 60
médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar
dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri
que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados
(10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando
corretamente os médicos estrangeiros?
Seria bem interessante que
nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. Não
seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer
medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do
profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele
foi formado no Brasil, em Cuba ou China? O CFM se diz tão preocupado com a
qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se
tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército
de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago
e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à
qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros?
- Até agora não vi nem o CFM
nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a
população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para
atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o
óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros
se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das
dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica
pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora
para outra. Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de
Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários
mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão
para as periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar
do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos
então? vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém
conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança
com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as
pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem
ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai
desvalorizar a medicina do Brasil.
- É bom lembrar que Cuba
exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam
trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles
fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes
resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda
maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos
deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se
não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções
dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de
medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O
destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de
qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).
- Com muito menos recursos,
a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no
mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados
para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba
é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, como muito
menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem
índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à
avançada medicina americana (dados da OMS).
- Agora, ninguém tem que ir
cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que
seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para
trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes.
Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade
infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não
conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de
criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso
que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem
superespecialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e
altamente tecnológica. Atenção! O governo que trazer médicos para tratar
diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo.
Essa população mais pobre não tem o mínimo!
Que venham os médicos
cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação
àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir
para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que
cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições
de carreia, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar
anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros
que se dispõe a vir aqui salvar vidas.
Infelizmente até a classe
médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta
com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e
sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem
sabe o que é Facebook morre à míngua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano.
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Por Gisele Katia Camara
Oliveira
Os Médicos Brasileiros e
Saúde no Brasil
Boa Noite Nassif, Abro
minhas ponderações com uma postagem de minha sobrinha Lívia de Oliveira
Antunes, jovem médica, no facebook:"Eu gostaria sinceramente de achar
algum ponto positivo na vinda dos médicos cubanos para o Brasil... qualquer ponto
que seja... deixando os meus interesses pessoais de lado e pensando unicamente
na população que necessita do atendimento, assim eu sofreria menos...
Agora se tratando do fato de eu ser uma profissional da área de saúde e na
maior parte do tempo após a minha conclusão ter atuado no sistema público, sei
com toda convicção que o problema principal não está na falta de profissionais,
mas sim na falta de estrutura para exercermos a medicina...
A verba destinada à saúde se fosse utilizada na saúde resolveria grande parte das
angústias de nossa população... triste é que está verba acaba se perdendo nos
“paraísos fiscais” nas contas de políticos corruptos, FDPs, desgraçados e sem
alma que não se importam em matar muitas pessoas desde que seu patrimônio
pessoal esteja em ascensão....
6 mil médicos não resolvem... nem 12 mil... nem 50 mil.... o médico sozinho não
consegue salvar vidas...
Sempre fui completamente a
favor da forma de administrar o país pensando nos menos favorecido... sou a
favor de todas as “bolsas” e das “cotas” da vida... e, sou uma pessoa que ainda
acredito na política...
Agora querer trazer profissionais sendo que o que falta é instrumento para
trabalho, pra mim é a mesma coisa de contratar um monte de padeiro, só que
problema é a falta de farinha!!!
E se tem a falta de farinha... é pq o entregador FDP descarregou no seu terreno
particular!"
A classe médica brasileira está paralisada com a vinda de 6000 médicos cubanos,
com diplomas não revalidados no Brasil, sem que tenhamos sido chamados para o
debate com o Governo. Sabemos que a postura: não venham os cubanos pois isso é
ruim para a classe médica brasileira, não funciona, pois tem algo maior que é o
atendimento em saúde da população brasileira. Temos consciência de que se
quisermos ser ouvidos e respeitados como classe, precisamos encarar o desafio
de construir propostas para realmente resolver a demanda de grande
parte da população brasileira que não tem acesso a saúde.
Seria o momento de União de todas entidades médicas CFM, CRMs, Sindicatos,
FENAM, ANMP para criar uma estratégia conjunta de ação:1) Análise dos reais motivos pelos quais não se consegue fixar médicos em
determinadas regiões. (falta de plano de carreira, falta de estrutura de
trabalho, falta de acesso a qualificação...)
2) Argumentação mostrando
que não basta apenas ter médico para se ter saúde, essa visão simplista na
verdade é uma maquiagem para iludir a população e possibilitar os grandes
desvios de verbas da saúde.
3) Estudo do percentual de verbas da saúde que é desviado e não chega a
população.
4) Criação de uma proposta
conjunta considerando os ítens anteriores para se resolver a ausência de
médicos em determinadas regiões, mas que esses venham para trazer saúde não
para maquiar a realidade e iludir a população.
5) Colocar toda classe
médica para dialogar com o governo no sentido de realmente resolver o
problema, criando um plano de carreira para os médicos do SUS,
utilizando médicos das forças armadas, o trabalho de recém formados do
PROUNI-FIES, fornecendo qualificação continuada aos profissionais de saúde,
criando uma estrutura de trabalho adequada... Que os médicos venham
para realmente trazer saúde.
O objetivo primordial de um Governo é proteger seus cidadãos.
Gisele Katia Camara Oliveira
Médica do SUS em Amparo-SP