terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sr. Policial

Me explique você, que é policial militar, que é um protetor do povo, do cidadão de bem, por que bater em manifestante que reivindica direitos? 


Por acaso, quando bombeiros reivindicam, quando policiais civis reivindicam, quando vocês próprios reivindicam melhores salários e condições dignas de trabalho, estão ali para fazer baderna, ou para exigir o cumprimento de uma obrigação? 


Qual é a lógica de descer o cacete em professor, em gente pobre sem teto, em gente que quer terra improdutiva pra plantar, sendo que eles estão tão fudidos na vida quanto tu, que ganha pouco e é extremamente desvalorizado pelo Estado?


É apenas uma forma de revidar esse descaso servindo cegamente ao Estado? Ou é uma nova modalidade de escravidão?


Quando eu vejo um brigadiano batendo num professor, num pobre, num ocupante, eu vejo duas pessoas mal pagas, desvalorizadas, que brigam e choram pela mesma coisa. Vejo um apanhar como marginal, e outro batendo com sangue nos olhos. Uma raiva que nada tem a ver com o espancado. Vejo que um defende seus interesses, os interesses de uma classe, enquanto o outro defende os interesses daqueles que o fodem sem pestanejar.


A Constituição defende o policial que se recusar a cumprir uma ordem de caráter desumano. Seja um respeitador da Constituição, Sr. Policial, não um mero fantoche do Estado repressor ou do seu superior manipulado.


Sem manifestações, sem democracia.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SOPA e os Paradoxos da Sociedade de Mercado




Usarei aqui o termo Sociedade de Mercado porque é um conceito mais utilizado pelos “imparciais” que a denominação Capitalismo - que agora é tido como um conceito ideológico de esquerda, apesar de significar exatamente a mesma coisa que Sociedade de Mercado.

A Sociedade de Mercado, ou seja, o sistema político-econômico vigente no mundo ocidental criou algo extremamente paradoxal na nossa sociedade: a liberdade irrestrita e a necessidade de regulamentação dessa liberdade, a flexibilização da propriedade privada e a defesa da propriedade privada.

O sistema de política liberal pressupõe a liberdade dos indivíduos inseridos em sociedade livre e democrática. Essa sociedade deve ter, ao contrário das ditas ditaduras de esquerda ou de extrema direita, a liberdade de expressão, de manifestação livre. Até nossa Constituição Federal protege isso.

Ocorre, entretanto, que essa liberdade acabou por criar indivíduos críticos e que detém um forte aparato erudito para criticar justamente essa sociedade de mercado. Esses críticos são vistos, agora, como inimigos da ideia de mercado livre, porquanto não resignados pelo sistema proposto. São como Yoani Sánchez, só que com ideias inversas.

E como se formou esse paradoxo? O sistema de mercado livre, com intervenção do Estado na economia, ou capitalismo, caso algum saudosista ainda queira denominar assim (eu prefiro capitalismo), nada mais é do que uma ideologia. Sim, é uma ideologia, na medida em que estão dentro do conceito ideias de construção econômica, jurídica e política de uma sociedade. Dessa “ideologia” de mercado intervencionista, ou até mesmo anarco-capitalista, surgiram muitos teóricos, em sua maioria economistas, como John Maynard Keynes, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Liebman, etc.

Essa ideologia de mercado, conjunto de ideias pragmáticas e organizadas para serem exercidas na política econômica e na sociedade, é amplamente divulgada em nossa grande mídia, ao passo que temos, hodiernamente, centenas de propagandas de produtos criados em benefício do consumo, fruto do livre mercado. Além disso, muitos teóricos dessa ideologia, que utilizam a mídia para repisar os argumentos desse modelo.

Mídia "imparcial".
Portanto, a mídia “gorda” é, em última instância, o folhetim ideológico dos grandes interesses econômicos, pois não haveria sentido em ter-se uma sociedade de mercado sem consumidores, ou gente ideologizando cabeças sobre a certeza de sucesso do sistema vigente.


Essa mídia gorda e ideologicamente neoliberal, diuturnamente nos bombardeia com um sistema de ideias voltadas aos interesses dos grandes possuidores, ou seja, empresários de ramos influentes.

A grande mídia é, pois, para a direita neoliberal o que a esquerda é para os militantes, sindicalistas e trabalhadores politizados.

Nesse comenos, erigiu-se algo que, até então, seria inofensivo aos grandes interesses: a internet! Um grande sistema de computadores interligados que seria a cara da globalização, sem, contudo, por em risco a mídia tradicional. É a união entre povos distintos, a troca de culturas por meio virtual. Sem falar na alta popularidade, que facilita a propagação de produtos e ideias. Com a conexão dos povos por um sistema tecnológico, facilmente se chegaria a uma integração dos interesses do mercado em se comunicar com outras nações, promovendo a chamada “globalização”. De mercado, é claro.

Acontece que essa globalização perdeu os rumos esperados. A liberdade social que o liberalismo criou acabou voltando-se contra ele próprio, ao ponto de o mercado, através da política, ver-se obrigado a fazer uma limitação a essa liberdade.

Eis que, então, surge o projeto de lei norte americano SOPA (Stop Online Piracy Act), que visa à proibição da “pirataria” on-line. Essa pirataria consiste em ofensa à propriedade intelectual privada de autores sobre suas obras. Com o projeto aprovado, a internet perde metade de sua utilidade, e passa a ser vigiada.

Esse é o paradoxo. O próprio sistema de mercado e de consumo criou a tal “pirataria”, que nada mais é do que a promoção dos autores às mais longínquas audiências do mundo, sistema esse que é encabeçado pela própria globalização. Como globalizar informações sem que elas firam direitos de propriedade? As pessoas querem conhecer aquilo que irão consumir. E, de fato, a maioria das pessoas que “baixam” coisas da internet acaba por se apaixonar pelas coisas que sequer teriam conhecimento, não fosse a pirataria. Aquilo que não agrada, apesar de correr o mundo, não será consumido.

Dentro dessa nova realidade da pirataria, há os que se adaptaram, transformando aquilo que lhes onerava em algo extremamente rentável. Mas há também aqueles que não se adaptaram a essa nova realidade, e brigam para voltar à época em que tudo era restrito e controlado.

Esse paradoxo do mercado privado mostrou aquilo que a própria sociedade é atualmente. Criou-se, por esse excesso de liberdade e essa ferramenta de compartilhamento que é a internet, um sistema novo, além das fronteiras do grande capital, dos interesses privados. Em contraponto dos pressupostos liberais, querem que o Estado aja como Imperador para barrar as sangrias dos cofres privados. Ou seja, quando a coisa começa a apertar, eles querem um Estado atuante e repressor, algo próximo das regulamentações do Estado cubano.

Além da proibição de sites de compartilhamento de músicas e obras que não tenham direitos sobre a propriedade alheia, existe a sanção aos grupos econômicos de financiamento que contribuem com esses sites piratas. E o pior, qualquer página da internet tida como “suspeita” será derrubada, sem prévia ação judicial e aviso, promovendo uma restrição, inclusive, da crítica a qualquer outra maneira de ver o sistema de mercado que não seja do interesse do próprio mercado.

É de se ressaltar que a internet nos EUA estará livre disso, pois a lei se aplica somente aos outros países.

Creio que está surgindo uma proposta de sanção às liberdades propostas pelo próprio sistema de mercado, que é regida pelos interesses dos EUA, a grande potência econômica mundial. Terão sucesso nessa empreitada? Ou as manifestações coletivas na internet contra esse sistema conseguirão derrubar e vetar esse projeto?


Pois é, mercado, pariste um filho rebelde. Agora aguenta!

O Brado Retumbante de Aécio na Globo


Qualquer semelhança do Presidente fictício de “O Brado Retumbante” com Aécio Neves é mera coincidência. Ou não.

No 4° capítulo da série, a “Primeira Dama” critica o livro didático que estaria promovendo a deseducação dos alunos. Ora, essa polêmica idiota levantada pela PIG sobre o livro do MEC já deveria ter sido esquecida, tendo em vista que se tratava de uma total ignorância do que realmente tinha no livro didático da vida real e nada teve a ver com corrupção.
Ficou claro na série que a autora fictícia do livro didático estaria em conluio com o Ministro da Educação, enriquecendo com o dinheiro público. O que eles estão querendo dizer? Eles tentaram explicar ao povo desinformado o que aconteceu nesse caso real, sem que isso correspondesse à realidade dos fatos, que estão bem longe desses da ficção.


Além disso, a Primeira Dama ainda fala das ideologias mortas que a autora do livro estaria propagando para as crianças. Falar certas coisas contra a mídia gorda e o grande poder do capital, realmente, assusta. Bem que eles podia falar do Occupy Wall Street, mostrando também algumas trapalhadas da economia mundial.

Trata-se de uma descarada obra de manipulação das pessoas menos interessadas por política. E talvez dê certo, pois é quase certa a candidatura de Aécio Neves para presidência em 2014. Virá como o novo "Vassourinha", o "Caçador de Marajás", o neto de Tancredo Neves, o homem que vai moralizar a política brasileira.

E outra, que trama meio idiota, pois qual presidente que viajaria com o vice no mesmo helicóptero, ou avião, ou qualquer outro meio de transporte?

Acompanharei a série, para continuar captando essas e outras "semelhanças". Com certeza essa minissérie ainda terá muitas outras manipulações. Vejamos até onde vai a cara de pau da Rede Bobo.




Aécio Neves, futuro candidato à presidência pelo PSDB
Paulo Alberto Ventura, Presidente Fictício



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

E agora, o que eu vou fazer se te amo?


Eu gosto de ver como algumas músicas se parecem nas letras. Mas gosto mais ainda de transformar duas ou mais letras que se parecem em uma só canção, como fiz em "Francis e Cristina" e "A História do Menino Jesus". É o que eu fiz nessa, juntei "N", do Nando Reis, com "Eu te amo", do Chico Buarque.











E agora, o que eu vou fazer?
Se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus
E as lágrimas não secaram com o sol que fez,
Me conta agora como hei de partir?


E agora como posso te esquecer?
Se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Se o teu cheiro ainda está no travesseiro
E o teu cabelo está enrolado no meu peito,
Me diz pra onde é que inda posso ir?


E agora, como eu passo sem te ver?

Se o seu nome está gravado no meu braço como um selo,
Nossos nomes que tem o "N" como um elo,

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas,
Diz com que pernas eu devo seguir?


E agora como posso te perder?
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu,
Se o teu corpo ainda guarda o meu prazer
E o meu corpo está moldado com o teu?
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas...


Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu?


Como, se nos amamos feito dois pagãos,
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair?


Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.